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Barbie

  • Foto do escritor: Flavia Brito
    Flavia Brito
  • 6 de dez. de 2024
  • 5 min de leitura

Algo que eu sempre digo para as minhas clientes é: conheçam o seu cliente a fundo, o máximo que você puder, todos os seus gostos, rituais, estilo de vida, o que ele valoriza, o que pensa, etc. E a Mattel fez isso muito bem!


O início do filme da Barbie é uma verdadeira aula de branding e de uma empresa que sabe com quem está falando. Cada cena me transportou para a minha infância.


Eu tive várias Barbie´s, na minha época ainda eram as mais simples (depois que começou a lançar todos os tipos de profissões e padrões da “boneca” – entre aspas porque nem consigo classificar uma Barbie como uma boneca, ainda mais depois do filme.). Também tive o carro, a casa com cozinha, lareira, cama, sala de jantar e estar, piscina, casa da árvore e todo o tipo de roupas e sapatos. Eu brincava de Barbie fingindo que ela estava tomando um leite ou fingindo que ela tinha descido as escadas da casa. Lembro que a minha geladeira abria a porta e apenas ali tinha prateleiras para colocar a caixinha de leite e outros alimentos que eu tinha para alimentar a minha melhor amiga, o restante da geladeira era apenas um adesivo colado o qual simulava o seu interior. Lembro que na minha cozinha tinha um frango dentro do forno, mais uma vez, sendo um adesivo colado para simular o mesmo. Mas eu podia abrir a porta do forno e girar o botão para o tal frango cozinhar. E na sala, a lareira também era um adesivo e quando eu apertava o botão de ligar, ela fazia barulho e acendia chamas.


Eu lembro que todos os domingos, na minha cidade (Brasília-DF), tinha uma feirinha na Praça de Televisão. O meu pai me dava uma mesada todos os sábados de R$5,00 (e assim eu fui aprendendo a gerir o meu dinheiro e guardar para o que eu queria, ou não). E naquela época, isso era muito dinheiro. Aos domingos, nosso programa matinal era passear na tal feira que vendiam roupas da Barbie. E lá ia eu com todo o meu dinheirinho. Mas a minha melhor amiga estava sempre bem arrumada.


Lembro também que chegava da escola, almoçava e fazia meus deveres de casa muito rápido para ligar para as minhas amigas do prédio e a gente juntar tudo o que cada uma tinha da Barbie e passar a tarde inteira brincando e construindo o nosso mundo da fantasia.


Tem como uma criança não guardar esse tipo de memória?


Memória afetiva. Isso que uma boa marca, com branding bem redondo, faz com os seus clientes.


E então, quando a Mattel decide lançar um filme sei lá quantos anos depois, todas aquelas crianças, que hoje já não são mais crianças, se lembram de cenas como essas. Porque convenhamos, esse filme não é para as crianças do mundo de hoje. É para nós, mulheres, um pouco da geração X, mas principalmente a geração Y, Millennials.


E foi justamente nos primeiros 10 minutos de filme, que eu fiquei ali, perplexa, tentando viver o aqui e o agora, mas ao mesmo tempo, voltando aos meus 8 anos de idade. A maneira como eles retrataram a vida da Barbie traduziu 100% a maneira como eu brincava, se tornando um ritual da personagem baseado em como o público-alvo se comportava. Quando ela vai para o mundo real e a xícara de chá realmente tem chá e ela se molha, é a perfeita cena de que sim, tudo fazia sentido quando nós criávamos o nosso próprio mundo da fantasia. Genial!


A Barbie moldou toda uma sociedade, moldou a nossa forma de pensar, de criar e imaginar o nosso futuro, de nos amarmos. Ela moldou as nossas opiniões, gostos e atitudes. E com o tempo (e muita terapia, devo dizer), muitos de nós começaram a questionar esses padrões de pensamentos. Muito por isso, as crianças do mundo de hoje não tem o apego e rituais com a Barbie como nós tivemos. A Mattel foi lançando diferentes tipos de Barbie´s justamente para tentar incorporar a boneca nessa nova consumidora. Apesar disso, volta e relê esse parágrafo: uma marca moldou toda uma sociedade!


Esse é o poder do branding, queridos leitores! Dentro da construção do Branding Estratégico, desenvolvemos a história da marca, os seus valores, as suas crenças, os seus símbolos, os seus rituais, a sua personalidade, e todas as estratégias para que essa marca traduza a sua essência, envolvendo e conectando com o seu cliente. Barbie: rosa, loira, olhos claros, mundo perfeito, beleza, querida, acolhedora, feliz, rodeada de amigas.


Esses foram os padrões construídos pela Barbie e quando pensamos na marca, são alguns dos atributos que vem na nossa mente. O filme, na minha opinião, retratou tudo isso muito bem no mundo da Barbie, mas quando ela sai para o mundo real, ela entende muitos “estragos” causados e percebe que a vida não é bem assim. Que ser ser humano é um mix de sentimentos, opiniões e desafios, e uma constante e eterna busca de autoconhecimento. É a união da boneca com o humano onde cada uma ensina sobre as suas vivências, e o grande segredo de estarmos em contato com o outro e abertos a conhecer o seu mundo e aprender com ele.


“I am KENenough”, é o que está escrito no moleton do Ken, namorado da Barbie, ao final do filme. Ele está sempre em busca de ser amado pela Barbie, vivendo na sua sombra, que nem sabe nada sobre si. Ao final, ele descobre que ele é muito mais que o namorado da Barbie, ele é o Ken, e ele é suficiente sendo ele próprio.


Um assunto pertinente e necessário de ser abordado.


Nós somos muito mais que as nossas profissões, que os papéis e versões que exercemos. Somos mais que filhos, mães, pais, chefes, namorados, amigos.

Somos mais que nossos currículos, empregos, cursos, faculdades.

Somos mais que bens materiais e dinheiro.

Somos mais do que a sociedade diz que devemos querer, fazer, gostar ou opinar.


Nós somos nosso próprio padrão de beleza, nossa própria opinião, nossas experiências e vivências, nossos sentimentos, nossos sonhos.


Nós somos suficientemente sendo nós próprios, com todas as dores e delícias de ser quem somos.


Uma marca forte é uma marca viva, que sabe se adaptar e se moldar de acordo com a evolução dos seus consumidores. É uma marca atenta ao mundo e às suas exigências. A Barbie se adaptou, e o filme retrata isso. A questão é que os seus consumidores ainda tem a imagem antiga na cabeça, e por isso um rebranding de marca é tão desafiante. Fazer com que o cliente veja e sinta a marca de outra maneira.


 
 
 

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